Mudanças

Uma vez escrevi aqui que não faria mais concursos. Mas lá veio a vida… fiz outro concurso, passei e mudei de universidade e cidade. Depois de 7 anos de Porto Alegre e UFRGS, no mês passado me mudei para Curitiba e para a UFPR.

Sempre gostei de Curitiba, e como todo garoto do interior do Paraná, sempre tive uma atração pela capital. Sonhei algumas vezes em vir morar aqui, estudar na UFPR, cogitei largar a graduação na FAFIUV e mudar para cá (para continuar cursando Letras mesmo ou jornalismo, outra profissão que me atraía), mas como muitos planos da juventude, esse foi colocado num canto e esquecido. Depois de formado, quando pensava em fazer mestrado, claro que cogitei vir para a UFPR. Mas, por uma daquelas decisões que são meio conscientes meio inconscientes, meti na cabeça que meu lugar estava em Florianópolis. Foi uma sábia decisão, porque muita coisa legal aconteceu na minha vida a partir disso.

Agora estou aqui, começando tudo de novo (estágio probatório, se familiarizando com a universidade, sua burocracia e seus trâmites, buscando um espaço de pesquisa e colaboração com os professores do departamento – muitos dos quais eu conheço, o que facilita à beça as coisas – e com a cidade, uma parte mais legal, sem dúvida). Coincidiu que eu estava finalizando meu projeto de pesquisa na UFRGS justamente em julho e já tinha um novo praticamente pronto (que iria submeter para a universidade lá em junho e que acabei usando no concurso também). Essas coisas todas tomam um baita tempo da gente.

Enquanto na UFRGS existe um sistema unificado em que você com um login consegue fazer quase tudo, na UFPR são vários sistemas que parecem não se comunicar. Por exemplo, para descobrir a lista de chamada, se faz login no Portal do Professor. Como esse sistema não tem vínculo com um sistema virtual de auxílio às aulas presenciais, tive que criar uma sala virtual no Google Classroom para disponibilizar as leituras e criar uma central de comunicação coletiva com os alunos. Para submeter o meu novo projeto de pesquisa ao Comitê de Pesquisa do Setor de Ciências Humanas (órgão ao qual o departamento de Literatura e Linguística e curso de Letras estão vinculados) preciso encaminhar o processo via outro sistema, o SEI. Para criar uma página profissional terei que passar por uns trâmites, coisa que na UFRGS eu fiz com alguns cliques. Tudo isso toma muito tempo da gente. Tempo que eu gostaria de estar dedicando ao que interessa (pelo menos para mim): preparar minhas aulas, ler/pesquisar e escrever. Pra vocês não me chamarem de mentiroso, na UFPR já descobri: o SIGA, a Intranet, o Portal do Professor e o SEI. Cada um desses lugares faz algo diferente.

Deveriam oferecer um minicurso aos professores novos sobre como funcionam e quais são os sistemas da universidade (tem curso sobre tanta coisa). Mas ninguém te ajuda com essas coisas e você vai meio que tateando e aos poucos via tentativa e erro encontra as informações.

O que universidade pública fez por mim

Pra começo de conversa, sou professor universitário e é claro que falo dessa posição. Mas também sou um servidor público, um cidadão e um pai de família. Também falo desse lugar. Talvez seja óbvio afirmar isso, mas creio que não (considerano a época em que estamos). Se ocupo alguns desses lugares hoje é porque a sociedade me permitiu que eu enfrentasse os obstáculos que minha condição social me impôs armado não apenas do meu esforço, mas de oportunidades. Posso me considerar um sujeito de sorte, como diz a canção do Belchior, pois consegui muitas coisas que colegas meus de escola e vizinhos da rua não conseguiram. Por isso tenho desconfiança da noção de meritocracia. É óbvio que o esforço individual é importante para se conseguir qualquer coisa na vida, mas ele de nada vale se a sociedade não dá oportunidades ao indivíduo.

Fiz todo meu ensino básico em escola pública e comecei a trabalhar cedo, aos 12 anos. Aos 16 já tinha carteira assinada e CPF. Como muitos adolescentes da minha escola, estudava pela manhã e tinha um emprego à tarde. Além de ser office boy, eu fazia de tudo um pouco numa tipografia do bairro. Eu gostava pra burro da profissão. E com o tempo eu dominava quase todos os processos dentro da gráfica: compor com tipos móveis, cortar papel, imprimir, acabamento etc. Se eu não tivesse entrado na faculdade, acho que teria seguido com essa profissão o resto da vida, como meu pai. E como tenho um tio que tem gráfica, então muita gente da família em algum momento da vida trabalhou pra ele. Quando minha família me pôs trabalhar com ele não era apenas uma questão de necessidade: eu estaria aprendendo uma profissão.

Em abril de 1998 eu mudei de emprego. A firma em que eu trabalhava estava quebrando e surgiu uma oportunidade em outra. Não pensei duas vezes. Só que o novo patrão queria que eu trabalhasse o dia inteiro, o que fiz a partir de julho, quando vieram as férias. Assim, eu terminaria o ensino médio estudando à noite. Só que numa segunda do início de setembro chegamos para trabalhar e a firma estava fechada. Esperamos uns instantes até que chegou alguém para nos avisar: o dono tinha fugido. Eu tinha mudado de turno por conta do serviço, e agora eu estava desempregado e não tinha recebido integralmente pelos quatro meses trabalhados.

Passei aqueles três meses finais do ano estudando durante o dia. Acho que foi só por isso que passei no vestibular. À noite, eles estavam um bimestre atrasados no conteúdo. Coisas que os professores estavam passando em setembro eu tinha visto em junho pela manhã. E o que eles ensinavam eu estava estudando sozinho.

Eu não tinha muita dimensão do que significava ter ingressado numa faculdade pública. Eu tinha 17 anos (faço aniversário em julho), lia tudo que me dava vontade, e como estava desempregado, podia passar o dia lendo. Pelo menos até meados de agosto, quando consegui um emprego numa gráfica e o tempo para ler ficou mais curto. No segundo ano eu prestei o serviço militar. No terceiro eu consegui um emprego como caixa numa rede de farmácias. Trabalhava de madrugada e dormia durante o dia. Felizmente, o gerente era gente boa e deixava eu ler durante o expediente. Afinal, não tinha muita coisa pra se fazer da 1h da madrugada até as 6h, período em que o movimento ficava bem fraco. Passei os dois últimos anos da faculdade nesse emprego e mais um ano depois de formado até passar no mestrado.

Deixava de dormir para fazer estágios e trabalhos. Dormia nas aulas às vezes (dormir durante o dia não é a mesma coisa) por puro cansaço. Uma coisa de que eu sempre gostei era a tal da aula: ler coisas e conversar sobre elas com pessoas inteligentes e interessadas foi a experiência mais legal da graduação. Tinha muita aula chata, tinha muito professor que só enrolava, mas quando as aulas eram legais, eu me engajava. Eu tinha fama de inteligente, mas eu não era um bom aluno. Não tirava notas muito altas, pois nas disciplinas que me interessavam pouco eu fazia só o essencial.

Nos dois últimos anos comecei a me interessar em participar de projetos, grupos de estudos… eu queria estudar mais do que eu via sala de aula. Mas não tinha nada disso lá, pois os professores a maioria dos professores não se dedicavam exclusivamente à faculdade. Na Faculdade Estadual de Filosofia, Ciências e Letras de União da Vitória (FAFIUV) não tinha bolsa para nada: iniciação científica, monitoria? A gente nem sabia o que era isso. Só fui descobrir que tinha gente que ganhava uma grana para fazer pesquisa num congresso de que participei no segundo ano. Congresso em que fiz um minicurso de Análise do Discurso e comecei a pensar mais a sério sobre me aprofundar em linguística. Alguns professores perceberam meu espírito científico e me incentivaram a buscar um mestrado. Pesquisei, pensei, e escolhi a Universidade Federal de Santa Catarina. Não passei na primeira vez. Na segunda tentativa passei em segundo lugar e consegui bolsa. Era o meu sonho. Eu ia finalmente passar o dia estudando e ainda iria ganhar um dinheiro para fazer isso. Se não fosse pela bolsa, eu jamais teria conseguido fazer o mestrado.

Às vezes faço um exercício de contrafactualidade: como teria sido minha vida se eu não tivesse cursado uma faculdade pública. Sempre gostei muito de estudar. Não sei se teria sido feliz num emprego no comércio ou no setor gráfico. Não sei. Talvez tivesse me acomodado, casado e seguido a vida, trabalhando para pagar as contas, sofrendo com desemprego em épocas de crise como a maioria dos brasileiros. Provavelmente eu teria feito uma faculdade qualquer paga, como muitos em naquela região do sul do Paraná e planalto norte catarinense (administração, contábeis?). Cheguei a fazer o concurso para a Escola de Sargentos das Armas (ESA) durante o período em que prestei o serviço militar. Acho que foi meio por inércia. Muitos colegas fizeram e arrisquei também. Não passei. A vida sabe o que faz com a gente, pois eu não nasci para aquela vida. Tenho profunda desconfiança do papel da autoridade e sou questionador. Não gosto de seguir regras. A burocracia e a papelada do dia a dia na universidade me causam um enfado pesadíssimo. Que outro destino teria um filho de trabalhadores de classe média baixa? Meu pai foi gráfico a maior parte da vida e se aposentou nessa profissão. Minha mãe trabalhou como doméstica por muitos anos até virar balconista no comércio, profissão que exerceu até morrer.

A pós-graduação foi uma experiência transformadora em vários aspectos. Ganhar um salário para estudar era inimaginável para quem apenas cinco anos atrás tinha entrado na faculdade. Em 2004 eu era um guri de 22 anos vindo do interior que ganhava um salário para estudar. Muito poucos eram como eu. A imensa maioria tinha feito iniciação científica ou pelo menos estudado na UFSC e conhecia de perto como funcionava a pesquisa na área, pois tiveram professores na graduação que eram pesquisadores, portanto sabiam dos seus projetos e interesses.

Minha meta era terminar o mestrado e voltar para o interior para trabalhar na faculdade onde eu tinha estudado. Era o máximo que eu poderia almejar, eu supunha. Agora eu estava no meio de um monte de gente muito inteligente e estudiosa. Eu não me destacava mais, eu era mais um. Embora a graduação tenha me fornecido conhecimentos para entrar no mestrado, eu sentia que sempre estava correndo atrás, buscando preencher lacunas na minha formação. E essa sensação era brutal quando eu ia para congressos e conhecia gente de outras instituições, como USP, Unicamp, UFPR, UFRJ, UFMG… aquelas pessoas eram muito (mas muito!) inteligentes. Fui um pouco sortudo, eu acho, por ter conhecido e feito amizade com tantos feras, gente que hoje ocupa lugares importantes em universidades no Brasil e até no exterior. Isso tudo foi estimulante.

Tive que aprender a abordagem teórica da minha pesquisa ao mesmo tempo em que a desenvolvia. Era a primeira vez que eu me via precisando estudar com afinco. Embora, hoje, eu perceba que poderia ter me dedicado muito mais. Aqueles 2 anos passaram muito rápido, minha orientadora me estimulou a prestar o doutorado. Passei em terceiro, mas as bolsas de doutorado eram escassas.

Naquele primeiro ano de doutorado trabalhei como professor na rede pública estadual em Florianópolis. 20h semanais. Eu tinha pouco tempo para estudar. Pensei em desistir do doutorado, prestar concurso para qualquer coisa que me desse um sustento, pois eu não conseguia me dedicar plenamente às disciplinas. Tive que abandonar uma disciplina na filosofia porque não conseguia assistir as aulas e fazer as leituras, que embora não fossem numerosas, exigiam tempo e releituras. Em poucas semanas eu já estava atrasado na leitura, não acompanhava mais as discussões e os exercícios ficaram incompreensíveis. Me senti um fracassado: comecei a questionar o meu talento para a linguística formal. Eu era burro demais para aquilo.

Eu nunca tinha sido excepcional na vida (mesmo tendo fama de inteligente na escola e na faculdade). Embora eu tivesse conseguido ter A em todas as disciplinas do mestrado, não escrevi uma dissertação fora de série. No doutorado as exigências eram mais altas, e eu começava a duvidar se eu seria capaz de fazer uma contribuição significativa para o campo, embora minha orientadora dissesse que meu projeto era promissor. Eu discutia questões semânticas de orações comparativas em português que eram pouco discutidas na literatura, usando uma abordagem do significado que o modela usando ferramentas da lógica. Poucas pessoas fazem isso no Brasil. Logo, a chance de eu conseguir dizer alguma coisa que ninguém ainda tinha dito era grande. Mesmo assim… fui levando, já que não sou muito bom em tomar decisões rapidamente. Se eu puder, adio ao máximo. O ano passou e em dezembro consegui bolsa para terminar o doutorado. Acho que teria desistido sem a bolsa. Pelo menos adiado ou tentado o doutorado em outro lugar.

Em 2008 consegui uma bolsa para fazer um ano do doutorado no exterior. Pude passar um ano em uma das dez melhores universidades do mundo, a Universidade de Chicago. Tive acesso a tudo que os alunos de lá tem: bibliotecas, aulas, professores, laboratórios. E o mais importante: um orientador que me dava atenção. São inúmeros os relatos de gente que faz esses programas e fica abandonado. Eu participei de grupos de estudo, de pesquisa, assisti aulas (embora não fizesse as avaliações), conversava quase semanalmente com meu orientador, conversava com gente interessada em linguística e conheci pessoalmente muitos pesquisadores importantes da minha área. Tinha acesso a qualquer texto de que eu precisasse. Praticamente tudo que eu queria ler a biblioteca tinha ou tinha os meios para conseguir (acesso a bases de dados de teses digitalizadas, por exemplo). Isso me deu outra visão sobre a vida universitária e a pós-graduação em particular. Na UFSC o trabalho era um pouco solitário e ali eu sentia uma visão de trabalho em conjunto, de colaboração. Escrevi metade da minha tese lá. Tínhamos um grupo de estudo em 2004, que capengou um tempo e esmoreceu. Quando eu voltei em 2009 ajudei a reanimar o grupo de estudos com minha orientadora (que conhecia gente na filosofia), o marido dela na época e os orientandos deles na graduação e na pós. O grupo está firme e forte até hoje.

Nesse segundo semestre terminei a minha tese, prestei alguns concursos (reprovei nos 3 que prestei), fiz estágio de docência, participei de congressos. No começo de 2010 defendi. Minha tese tinha vários probleminhas, mas foi aprovada. Não foi o melhor que eu poderia fazer, mas foi o que eu consegui fazer. Sempre tenho essa sensação em relação às coisas que eu faço: poderia ser melhor se eu tivesse me dedicado um tantinho mais. Só que os prazos e a vida atropelam a gente, sabe? (É uma desculpa esfarrapada, tô ligado.) Minha tese poderia ser bem melhor se eu tivesse conseguido ver algumas coisas que eu só vi dois anos depois. E que só vi porque eu consegui nesse período continuar pensando sobre o tema da minha tese. Mas se grandes referências da área não fizeram grandes contribuições nas suas teses, quem era eu pra fazer? E isso que fazer contribuição na minha área é oferecer uma denotação formal nova para uma expressão linguística. É algo aparentemente simples, mas não trivial.

Eu tinha 28 anos e era doutor. Eu já tinha conseguido uma bolsa de recém-doutor do CNPq para fazer pós-doutorado na USP. Eu deveria ter ido, mas por razões pessoais acabei ficando em Florianópolis e trabalhei como professor substituto na UFSC naquele primeiro semestre. Também por essa época prestei concurso na UFPR e passei em terceiro. Tinha duas vagas. Aquilo me animou. Meu desempenho nas provas foi muito próximo de gente mais experiente e só não fiquei melhor colocado porque era recém-doutor. Em agosto voltei para União da Vitória para trabalhar como substituto na FAFI, onde ficaria os próximos dois anos, até ser aprovado em concurso na Universidade Federal do Rio Grande do Sul em março de 2012, onde estou até hoje.

Hoje sou funcionário público, professor universitário e linguista. Defender a universidade significa não apenas defender o meu ganha-pão. Me vejo como um trabalhador como outro qualquer. Claro, eu tenho alguns privilégios que outras profissões (e mesmo professores da educação básica) não têm: dois períodos de recesso por ano, 45 dias de férias, não preciso bater ponto, estabilidade no emprego. Ninguém hoje, consegue chegar a um lugar desses sem bolsa, sem incentivo público. Contando graduação, mestrado e doutorado, foram 10 anos da minha vida dedicados aos estudos.

Minha carreira começou quando eu tinha 28 anos (Apesar de eu já ter cinco anos de carteira assinada até entrar no mestrado). Muita gente nessa idade já está casada, com filhos e pagando o financiamento da casa própria. Escolher a carreira universitária significa abdicar de pelo menos uns 6 anos da vida profissional. Isso se o sujeito não passar ainda mais uns anos entre bolsas de recém-doutor e contratos precários de substituto que podem durar de 6 meses a 2 anos, até conseguir um emprego fixo passando num concurso. Ninguém vê isso. No exterior não é muito diferente. Em muitos lugares leva-se 5 anos para se fazer um doutorado e muitos passam ainda uns 2 ou 4 anos de bolsa de pós-doutorado em bolsa de pós-doutorado até conseguirem um emprego fixo.

Na letra fria dos números pode ter sido dinheiro que o governo jogou fora. Para que mais um doutor em linguística? Hoje eu faço parte de um conjunto de professores que formam outros professores e profissionais do texto e da palavra (professores de português e línguas estrangeiras, revisores, tradutores, editores etc.). A grana que a sociedade brasileira investiu em mim retorna para a sociedade todos os dias quando eu saio de casa para ir na universidade dar aula, orientar minhas bolsistas de iniciação científica ou desenvolver outras atividades necessárias para o andamento da universidade. Essa grana se reverte no conhecimento que eu produzo escrevendo, traduzindo e colaborando como parecerista na atividade de publicação de vários periódicos pelo país, na avaliação de teses de dissertações de outras universidades. Esse conhecimento faz diferença? Vai acabar com a fome no país? Vai melhorar os índices de leitura e escrita? Vai acabar com os problemas do sistema tributário? Talvez não acabe com problemas práticos. Talvez, se eu for um bom professor, eu seja capaz de formar bons professores, que irão formar cidadãos que serão profissionais melhores do que os pais deles foram. E mesmo que não sejam professores, talvez essas pessoas se tornem policiais ou burocratas mais humanos.

Em 1999, quando eu entrei na faculdade, eu tive apenas duas professoras que eram mestres. Todo o restante do corpo docente era especialista, e um ou outro ali se dedicava exclusivamente ao ensino superior. Quando eu retornei para lá em 2010, além de mim, tinha mais dois doutores formados e dois doutorandos. Todo o restante do corpo docente era mestre e tinha só duas especialistas. Creio que hoje a formação do corpo docente deve ter subido mais um pouco ainda. E, além disso, muitos lá podem agora se dedicar somente ensinar, pesquisar e a fazer extensão. Tenho certeza de que essa formação e o tempo de dedicação exclusiva contribuem para que eles formem profissionais melhores e estabeleçam projetos em parcerias com escolas, garantindo oportunidades de formação continuada para os professores da região.

Assim como o investimento público mudou a minha vida, ele muda a vida de cada um que passa pela universidade e consegue passar pelas peneiras que ela impõe. As universidades são ambientes extremamente competitivos e meritocráticos, não se enganem. Para progredir na carreira somos avaliados semestralmente pelos alunos e pelas atividades que exercemos (em pesquisa, ensino e extensão). Para ter bolsa de iniciação científica o professor precisa de produção escrita constante. Esse critério é mais duro ainda na pós-graduação. Para dar aulas no mestrado e doutorado, e eventualmente orientar mestrandos e doutorandos, é preciso publicar pelo menos 2 artigos por ano. Isso é o mínimo. Isso quer dizer que a cada 6 meses preciso de um texto novo saindo do forno e aprovado para publicação.

Por isso me assusta quando o ministro da educação fala que “temos doutores demais” ou que temos que formar engenheiros e veterinários. Claro que temos que formar engenheiros e veterinários, como temos que formar professores de todas as matérias e pedagogos. Deixar de investir na educação superior significa jogar fora anos de investimento na formação profissional dos brasileiros. Não sei se hoje podemos dizer que estamos bem abastecidos de doutores. Os concursos nas universidades estão cada vez mais concorridos, o que significa que estejamos num teto (embora eu creia que o sistema acabe absorvendo essas pessoas de uma forma ou outra). Mas cortar os investimentos significa acabar com o sonho de muitos talentos que desejam estudar e pesquisar, significa deixar de dar oportunidade para que a inovação aconteça, seja em que área for.

O que os rankings de universidades significam?

Ao ler essa matéria eu fiquei me perguntando o que significa para uma universidade brasileira estar entre as 800 melhores do globo, se é que isso significa alguma coisa. Se olharmos para o top 10, bate aquela pontinha de inveja. No Facebook fiz uma comparação rasteira, mas que creio ilustrar um pouco a distância: é como se jogássemos na várzea do campeonato mundial das universidades, e o top 20 ou 30 fosse a Champions League. A comparação vale por um prognóstico: provavelmente jamais chegaremos lá. Isso pode ser desanimador por um lado ou um choque de realidade por outro. De qualquer forma, há algo aí sobre o qual deveríamos refletir: o que queremos da nossa universidade?

Toda universidade, pelo menos as brasileiras, está organizada em três eixos: a) ensino: formação de mão-de-obra de nível superior; b) pesquisa: inovação e criação de conhecimento; c) extensão: ações que façam com que a pesquisa chegue à comunidade, ou que façam com que a qualidade de vida, trabalho e produtividade nas comunidades melhore. Tendo em mente isso, é possível exercer essas três atividades no mesmo nível que Harvard ou MIT o fazem? No Brasil é impossível. Espera-se que os professores atuem nas três esferas, e na minha modesta opinião não dá pra fazer as três coisas com excelência. Portanto, as universidades deveriam concentrar atenção na sua vocação. Instituições com potencial para pesquisa deveriam ser centros formadores de pesquisadores; Instituições com estrutura e potencial para o ensino deveriam ser formadores de mão-de-obra. Na prática é isso o que acontece, mas elas são avaliadas pelos mesmos critérios.

Dois exemplos. Nas universidades brasileiras a tendência é termos sempre mais alunos de graduação do que de pós-graduação. Na Unicamp, havia 18.338 alunos matriculados em cursos de graduação, e 11.404 na pós. Na UFRGS é similar, eram 29.212 matriculados na graduação, e 10.885 na pós – contando apenas doutorandos e mestrandos; dados de 2013. No MIT, a situação é inversa. São 4.528 alunos de graduação, contra 6.773 alunos de pós. Na Universidade de Chicago, 11ª nesse ranking, a diferença é o dobro entre os dois níveis: 5.134 graduandos e 9.820 pós-graduandos. O que esses dados nos mostram? Mesmo instituições como a Unicamp, cuja missão é fazer pesquisa de ponta, concentram muita energia na formação de mão-de-obra (apesar de o número de pós-graduandos ser de pouco mais da metade dos graduandos).

De acordo com a matéria “A metodologia de pesquisa considera a reputação da universidade na visão dos estudantes e dos empregados; a estrutura da instituição, incluindo a média de estudantes por professor; as citações em trabalhos de pesquisa e a presença de alunos e colaboradores internacionais.” Se considerarmos o primeiro critério, ainda que se escute muito aluno reclamando do corpo docente e funcional da universidade, a gente se salva. Mas no restante tomamos de goleada (aproveitando a metáfora, risos). As turmas são sempre numerosas. Embora eu acredite que, tirando as universidades do top 20 e mesmo em alguns cursos delas, as outras devem ter turmas grandes em alguns cursos também como nas brasileiras. Nos outros quesitos é que a diferença se agrava. E por uma série de motivos.

Tomando o caso da linguística como exemplar. Primeiro, escrevemos em português. Com sorte, os colegas lusófonos do outro lado do atlântico nos lerão. Segundo, quantas teses de brasileiros viraram referência mundial na área ou no tema estudado? Melhor deixar quieto, né? Isso tem impacto em citações. Como a pesquisa que produzimos aqui não circula para fora (mal circula aqui dentro) ela não produz impacto. Logo, a nossa capacidade de atrair estrangeiros fica limitada. O que atrai alunos estrangeiros é a excelência em determinando campo e a presença de pesquisadores de peso. E só se vira um pesquisador de peso com tempo para pesquisa, orientação de projetos, publicação em periódicos importantes da área, e assim por diante. Quantos brasileiros possuem artigos publicados na Linguistics and Philosophy ou no Journal of Semantics, dois periódicos importantes de Semântica Formal? Quantos brasileiros possuem artigos publicados no Natural Language and Linguistic Theory ou no Linguistic Inquiry, dois periódicos importantes da área de linguística formal? Provavelmente não consigamos encher duas mãos com nomes de linguistas. Claro, a linguística é um caso à parte. Talvez na biologia ou na física as coisas sejam diferentes. Embora eu tema que não muito.

Fala-se em internacionalização das instituições nacionais. O que isso quer dizer exatamente? Intercâmbio com outras instituições? Divulgação no exterior dos nossos estudos? Atração de estudantes e pesquisadores estrangeiros? Acho louvável que se aspire a isso. Só não acredito que viveremos para ver.

Perde-se muito tempo com discussões bobas e burocracia. Temos problemas graves de infraestrutura. As verbas são extremamente limitadas e mal utilizadas. Áreas com práticas diferentes de pesquisa são avaliadas pelos mesmos critérios. E tanto um professor dador de aula quanto um pesquisador serão avaliados como iguais. Um professor de ensino superior deveria poder escolher entre ser um ‘professor’ integralmente ou ser um pesquisador integralmente e um professor de vez em quando. Mas não é isso o que acontece. Desvaloriza-se quem dá muitas aulas e não escreve, e sobrevalorizamos quem dá poucas aulas e escreve muito (excluindo da conta os que não fazem nem uma coisa nem outra). Aí é que volta a cena o problema da vocação das nossas universidades. É incompatível uma universidade gigantesca, com muitos alunos de graduação, com a atividade de pesquisa. A administração do cotidiano tira professores de sala de aula e sobrecarrega outros.

Nesse sentido, deveríamos ser comparados com outras universidades grandes do globo que tenham a mesma estrutura e vocação que as nossas, ou seja, instituições cuja missão principal seja a formação de mão-de-obra e secundariamente a pesquisa. A Universidade de Illinois tem 32.281 alunos de graduação e 12.239 alunos de pós e é a 63ª (A Unicamp é a 206ª, pra comparação). Note-se que agora a diferença já não é tão absurda. Portanto, não deveríamos nos comparar com Cambridge, Harvard ou a Sorbonne, e sim com outras instituições com objetivos e foco similares. Quem sabe assim não tomemos de 7×1.

Escreva, Luisandro, escreva

Matei o outro blogue que eu havia criado, o “um conto por semana”. Fi-lo com o objetivo de disciplinar a minha escrita, pelo menos no sentido de escrever com regularidade, e se for diariamente, melhor.

Acabei de ler o “A preparação do romance, vol. II” de R. Barthes. Li, ainda o estou deglutindo, e provavelmente voltarei a ele em algum momento, porque não fiz anotações. Simplesmente fui “devorando” o livro. A ideia toda desse volume e do anterior é a proposta da escrita de um romance, e a partir disso Barthes se propõe a comentar o que os escritores dizem sobre essa tarefa. Muita gente quer escrever, mas poucos conseguem levar a cabo o trabalho. O que há de especial naqueles que conseguem. Eu diria que além de talento, é a disciplina. Como o jogador de futebol que se acha bom de bola e não treina. Talvez ele seja um best-seller (daqueles de encher estádio), mas não vai entrar pra história como gênio, certamente. Para o escritor, a disciplina envolve a dedicação, o pensamento focado, e por vezes a abnegação, deixar de lado as coisas mundanas (o trato com as coisas do cotidiano) a favor da literatura. Ele cita Kafka, Flaubert, Balzac, entre outros, que quando não estavam escrevendo, só sabiam pensar nisso, como uma espécie de obsessão. O que pra mim só revela esse mágica que há por detrás da escrita literária, o sujeito se apaixonar por um personagem e querer investigá-lo. Pelo menos é o que eu tenho em mente enquanto escrevo. Alguns querem imitar Joyce ou Guimarães Rosa. Eu prefiro imitar Machado, embora o texto, a palavra seja importante pra mim também, embora só depois que comecei a oficina do Assis Brasil eu tenha começado a ser mais cuidadoso com o texto.

Enfim, o fato é que consegui escrever uma novela de 137 páginas, e uma coletânea de contos de 90 em seis meses, e acho que vou juntar mais 100 páginas de contos até o final do ano, ao mesmo tempo em que estou planejando uma novela que pretendo escrever no mês de janeiro do próximo ano. Além disso, no primeiro semestre, traduzi umas 200 páginas. Cento e poucas delas do Science of Language, uma entrevista que o James McGilvray fez com Noam Chomsky sobre vários temas ligados a linguagem e neurociência, que vai sair pela editora da UNESP – a tradução é em conjunto com meus colegas de UFRGS, Gabriel Othero e Sérgio Menuzzi. Ou seja, acho que escrevi um bocado esse ano (até agora, pelo menos).

Chega de prestar concurso

Sei que o blogue ficou meio de lado no último mês e pretendo voltar à velha rotina durante o mês de julho. Muitas mudanças no mês passado, junho, mudança de casa, de cidade, de instituição, e as adaptações necessárias a essa nova realidade. Gosto de desafios, e se estou aqui hoje é porque sempre corri atrás dos meus objetivos. Não esperava estar em uma universidade federal antes dos 35 anos, o que felizmente aconteceu, faço 31 dia 16 de julho.

Prestar um concurso público é sempre complicado e para professor adjunto é ainda mais. São várias etapas que precisam ser cumpridas e é importante se sair bem em todas. Quem passa em 1. é sempre aquele que consegue se sair bem em todos os quesitos: prova teórica e didática, entrevista/defesa de projeto e/ou produção intelectual e currículo. Claro, o componente da sorte, ou do acaso, não é negligenciável. Sortear um ponto que você domina com mais segurança é fundamental, embora quem se arrisca a prestar um concurso desse nível (em geral requere-se  doutorado) deve estar preparado para escrever ou dar uma aula sobre qualquer um dos temas propostos pela banca.

Ao longo dos últimos três anos prestei uma série de concursos. Na Unioeste (Cascavel, PR) em 2009, fiquei em terceiro porque fui muito mal na prova didática, mesmo tendo ido bem na prova escrita, posteriormente percebi os erros que havia cometido na organização didática da aula; na FURG (Rio Grande, RS), também em 2009, não fui aprovado na prova escrita, não havia me preparado bem e os pontos eram na sua maioria sobre texto, área em que possuo apenas um conhecimento básico; ainda em 2009 prestei o concurso da UFFS (Chapecó, SC), universidade que estava sendo criada naquele momento. Havia um batalhão de inscritos e a prova foi objetiva, mal estudei pro concurso e por muito pouco não passei para a prova didática. Não entendi porque recebi uma nota tão baixa na dissertação, mesmo tendo ido bem na prova objetiva, mas enfim, vai ver que foi para o melhor.

Eu estava concluindo o meu doutorado naqueles idos de 2009, portanto não pude me dedicar como deveria aos concursos. O que é só uma justificativa para o meu despreparo e incompetência naquele momento. Prestei uma seleção naquele final de ano, para professor substituto na UFSC, fiquei em terceiro, o que novamente contribuiu para que tudo desse certo. Em fevereiro de 2010 prestei teste seletivo na FAFIUV, e fiquei em segundo, novamente um fato bom, já conto porque. Aconteceu que eu defendi minha tese no dia 1. de março de 2010, no mesmo dia a UFSC me liga oferecendo aulas como substituto, fruto daquela seleção em que eu havia ficado em terceiro (os dois primeiros colocados daquela seleção passaram no concurso da UFFS e foram chamados). Como eu estava preocupado com o meu futuro depois da defesa do doutorado eu pedi bolsa de pós-doutorado júnior no CNPq e na Fapesp, para passar um ano na USP. Consegui a bolsa pelo CNPq, mas abdiquei dela para lecionar, o que se revelou uma decisão acertada, já que a experiência foi fundamental depois. Durante o primeiro semestre desse ano fiquei na UFSC, lecionei Morfologia e Produção Textual. No começo de julho me ligam da FAFIUV me oferecendo aulas, em função daquela seleção de que participei em fevereiro. Fui, pois estaria na minha cidade, União da Vitória, perto da namorada, da família e dos amigos, além da certeza de que pelo menos nos próximos dois anos eu estaria empregado, poderia trabalhar no curso de letras e ainda havia a possibilidade da instituição abrir concurso. Ainda no primeiro semestre de 2010 eu prestei concurso na UFPR. Fui um concurso bastante cansativo e disputado. Fiz uma boa prova escrita, fui bem na entrevista, e não tive sorte na prova didática. Sorteei um ponto de fonologia, e essa é também uma área que domino apenas o básico. Dei uma aula nota 7 e uns trocos, e no final das contas fiquei em terceiro, porque empatei na média geral com uma candidata, que tinha ido melhor na prova escrita, e esse era o primeiro critério de desempate. Essa experiência foi importante, pois dali tirei lições que me ajudaram nos concursos seguintes, principalmente, estudar mais os temas que eu não dominava com profundidade, entre eles fonética e fonologia.

Sai o edital do concurso da FAFIUV em meados de agosto de 2010. Prestei o concurso e fui bem em todas as etapas, mesmo tendo pouca experiência de sala de aula, e fiquei em primeiro. Sorteei novamente fonologia na prova didática, e dessa vez eu fui bem. Foi uma sensação boa, e finalmente a segurança. Em junho de 2011 sai o edital convocando para os exames médicos. E a nomeação? Nada, já estávamos no final de 2011 e eu ainda não havia sido nomeado, ninguém que prestou aquele concurso havia. Surge o edital da UFRGS, e bastante específico, em sintaxe e semântica, minhas áreas de especialidade. Pensei bastante, eu estava feliz na FAFIUV, mas estava de saco cheio com o descaso do governo do Paraná com a faculdade, a falta de recursos, o eterno bla-bla-blá, do discurso do ‘já foi pior’, e a contra-gosto da minha esposa, nesse meio tempo eu casei no civil, em julho. Vai que você passa? Ela me dizia. E estranhamente eu sentia a sensação de que eu iria passar.

Quando surge o edital com a homologação das inscrições, dos 16 nomes inscritos vejo vários nomes de talentosos jovens linguistas da minha geração e isso me deixou preocupado. Será que valeria a pena despender tempo, dinheiro e esforço para prestar um concurso que seria certamente disputado e com pessoas que eu julgava que tinham mais chances que eu? Conversando com amigos todos me disseram que eu deveria prestar o concurso, pois eu tinha chance. Desta vez foquei nos temas em que eu pouco tinha familiaridade, comprei vários livros, li artigos, formulei textos para os pontos. Pouco ou quase nada li dos pontos da minha área, embora eu tenha preparado material para dar uma aula sobre o assunto, ou escrever um ensaio sobre qualquer tema que fosse. Aconteceu que dos 16 inscritos 10 apareceram, dos candidatos que eu conhecia e que julgava serem bons concorrentes  alguns não apareceram. Fui muito bem na prova escrita, fui bem também na apresentação do projeto e sorteei um tema para a prova didática que não era da minha especialidade, sintaxe funcional. No final das contas, ninguém sorteou o tema da sua especialidade, o que foi uma coisa boa. E esse tema foi justamente a área que eu mais tinha estudado. Na contagem das notas finais fiquei com a melhor média, embora na nota do currículo o meu era o 3, o que me deixou frustrado naquele instante, mas depois que as notas foram sendo abertas vi que a minha média era a mais alta. Ter sido o melhor na prova escrita foi fundamental. Acontece que justamente uma semana antes do concurso, que iria acontecer no dia 13 de março, é publicado o edital do estado nomeando os aprovados no concurso de 2010. Claro que assinei a nomeação. E assim estava eu, aprovado em dois concursos, nomeado em um. No final do concurso me disseram que provavelmente eu seria chamado para começar em agosto. Fui surpreendido com a nomeação no dia 31 de maio, em plena lua de mel. Eu havia casado no religioso no dia 28 de maio. Eu tinha 30 dias para tomar posse. E isso envolvia fazer uma série de exames, vir a Porto Alegre para passar pela junta médica e tomar posse, além de encerrar minhas atividades na FAFIUV, com o semestre andando, bem como assumir, por outro lado, turmas com o semestre já no seu final aqui na UFRGS. Foi um mês bem extenuante.

No próximo post volto a falar de linguagem, prometo.

Hiato na atualização do blogue

Oi, pessoal. O blogue andou meio paralisado nas últimas semanas porque eu estava me preparando para prestar um concurso público. O concurso ocorreu nessa semana e fui aprovado. Se tudo correr bem, devo ser contratado pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul pela metade do ano pra começar a dar aulas no segundo semestre. Concursos públicos para professor adjunto sempre envolvem muitas etapas, a gente precisa estudar coisas que normalmente não estuda e que também normalmente não ensina. Tudo correu bem e, consideradas as quatro etapas, prova escrita, avaliação de títulos, defesa da produção intelectual e prova didática, fui o melhor classificado. Agora é um novo desafio que começa. Trabalhar em uma grande universidade foi um sonho recente. Quando se está na graduação, fazer um mestrado ou doutorado são sonhos longínquos, de tão distantes e irreais. De repente a gente se vê defendendo o mestrado, entrando para um doutorado, indo para o exterior fazer um estágio e quando vê está defendo uma tese. Não sei se sou um bom linguista (possivelmente apenas mediano), muito menos um bom professor (eu me esforço), mas a minha contribuição para os estudos sobre o português e em semântica de um modo geral é a comunidade acadêmica quem decide.