Impressões de leitura: O romance luminoso

Mario Levrero. O romance luminoso. Tradução de Antônio Xerxenesky. São Paulo: Companhia das Letras, 2018.

Comecei a ler esse romance por indicação do Daniel Galera na sua newsletter, dentesguardados [6] – para ele um dos melhores livros da última década. Como consegui uma cópia digital, não atinei para a dimensão física da obras: 648 páginas. Só me dei conta desse detalhe quando olhei o sumário e percebi que ele estava separado por meses e dias (quase os 365!) de todo um ano. E que além desse diário ainda tinha uma segunda parte, o romance em si. Pensei cá comigo: cara, que saco! 500 páginas desse maluco reclamando que tem que escrever um livro mas não escreve, que está com uma dor aqui, que sonhou com não sei o que lá, que ficou a madrugada baixando fotos de mulher pelada na internet, que ficou lutando com alguma esquisitice da programação do Word… que livro chato!

Esse era o Luisandro ali por volta das primeiras 30 páginas…

Mas por algum motivo eu não conseguia largar o livro. Ele me prendeu. Talvez pela qualidade da prosa. Uma prosa simples, direta, sem floreios ou grandes divagações sobre a vida. E se tem um negócio gostoso de ler é uma prosa assim.

(Não que eu não goste de divagações sobre a vida. Adoro Henry Miller. E tá aí um escritor que do nada começa a viajar e passa 20 páginas descrevendo uma súbita iluminação que teve enquanto tomava a décima dose de uísque no boteco com um maluco que conheceu há duas horas).

O tal do “Romance Luminoso” que o autor quer escrever aparece como vontade, como um desejo, uma obrigação que paira sobre ele. Mas Levrero, ou o seu personagem-autor-narrador não é um Bartleby que diz “prefiro não fazer”. Ele me parece querer fazer sim, mas só que está deixando para depois. Antes, precisa comprar uma poltrona nova, fazer ioga, configurar seu computador adequadamente, procurar pelos histórias de detetive para completar sua coleção, passear com a namorada e com as amigas, atender os alunos da sua oficina de escrita criativa… viver a sua vida, em suma.

O porém é que ele ganhou uma bolsa para concluir um romance que tinha iniciado anos antes, mas em vários momentos se pergunta se será capaz de concluir o projeto. Ele não me soa arrependido de ter pedido/ganhado a bolsa, pois poderia simplesmente devolvê-la, dizendo “não quero mais, não dou conta, não vou conseguir entregar o que prometi”. Não. O “Romance Luminoso” está como meta. E talvez seja isso um pouco que nos prenda na leitura do diário. A gente quer saber que horas esse cara vai começar a escrever o tal do romance luminoso, e o que há de “luminoso” nessa narrativa.

Nesse aspecto Alejandro Zambra, cita Clarice Lispector para interpretar o romance de Levrero: “digo o que tenho que dizer sem fazer literatura”, disse ela no conto Onde estivestes de noite. E é essencialmente isso que acontece no “romance”. Temos nesse livro o diário de um escritor de 60 anos que escreve sobre seus dilemas cotidianos: sobre o que está lendo, sobre o tempo, sobre o comportamento dos pombos no telhado do prédio do outro lado da rua, sobre a interpretação dos seus sonhos… ou nas palavras de Zambra: “para fazer literatura de verdade é necessário recorrer, como ele [Levrero] disse, à literatura fraudulenta. Romance sem romance; literatura sem literatura.”

O resultado não poderia ser mais divertido e esteticamente prazeroso. Não dá para analisar uma obra dessas com as categorias tradicionais (personagens, narrador, trama etc.). E como, mesmo assim, é um livro bom? Não sei. Só sei que é.

Disciplina

Como a maioria das crianças nesse país eu queria ser jogador de futebol. Mas não que eu tivesse algum talento pro troço. Nunca tive. Era sempre um dos últimos a ser escolhido pra um dos times na aula de educação física. Então, por que eu sonhava que podia um dia entrar num Maracanã lotado e ouvir as pessoas gritando o meu nome? Até hoje eu não sei o que se passava na cabeça do guri de 10 anos que eu era quando tive essa ideia.

Daí que a melhor iniciativa que eu tive foi aos 11 anos entrar numa recém inaugurada ‘sala com livros’ (chamar de biblioteca aquela sala com meia dúzia de prateleiras de livros seria um exagero) da Escola Básica Alberico Azevedo pra pegar um livro emprestado. Também lembro de na 6a. série ter feito algumas pesquisas sobre peixes e anfíbios, o que me levou a uma peregrinação pelas melhores bibliotecas da cidade, duas, a do Colégio São Miguel e a biblioteca municipal de São Miguel do Oeste (elas tinham enciclopédias, a ‘biblioteca’ da minha escola não). Não sei que influência isso teve em mim. Só sei que eu sou uma pessoa que gosta de bibliotecas e que é curiosa. (Vai ver naquele dia de aula vaga, ao invés de ficar vendo os colegas jogar bola, porque ninguém tinha me escolhido pro time, eu tenha resolvido ir na biblioteca da escola ver o que tinha lá pra fazer).

Vai ver foi por isso também que virei linguista. Aliei duas qualidades que eu tenho: a curiosidade e o gosto pela leitura (talvez dê pra colocar ainda nesse balaio o meu ceticismo). Não sei se são qualidades “naturais”, minha personalidade, ou se foram características que eu adquiri ao longo da vida. Nenhum dos meus irmãos é assim, embora tenhamos tido relativamente a mesma criação e estudado nas mesmas escolas. (Será que eu me tornaria um acadêmico em qualquer área que eu tivesse escolhido pra estudar?).

Apesar disso eu acho que tenho um defeito que me atazana: tenho dificuldade pra terminar as coisas, pra perseverar. É como se algumas coisas me dessem um cansaço e de repente o negócio me enche o saco. Quem vê meu currículo acadêmico dirá que eu estou mentindo. Como assim, se você fez dois TCCs, uma monografia de especialização, um mestrado, um doutorado, escreveu artigos, capítulos de livros, relatórios e projetos de pesquisa? É que em algum momento eu desisti daqueles textos. Tenho certeza de que eles seriam bem melhores se eu tivesse me dedicado um tantinho mais a eles. E é esse “tantinho” que separa a excelência do normal (sendo bem, mas bem gentil comigo mesmo). Vai ver ninguém me incentivou a buscar a excelência.

Aí eu me pergunto. Por que eu não consegui desenvolver uma disciplina mais rígida de estudos, supondo que esse seja o remédio que teria possibilitado eu me dedicar com mais afinco aos meus textos? A excelência está nos detalhes. A organização do pensamento que a escrita proporciona pode produzir coisas maravilhosas. Se minha memória não falha, as melhores ideias que tive surgiram após longos momentos de trato com o texto. Claro que algumas surgiram num insight antes de dormir, outras numa caminhada ao final da tarde, mas a maioria (e olha que não dá uma mão, eu acho, se é que eu tive alguma boa ideia nessa minha curta carreira de linguista e escritor) foram em momentos em que eu estava tentando colocar no papel o que estava na minha cabeça (e nas anotações em cadernos e bloquinhos que carrego comigo desde os 17 anos). Ou seja, as melhores ideias me surgiram enquanto eu estava escrevendo. Logo, trabalhar no texto não apenas faz o texto surgir, mas também possibilita que a gente descubra e entenda coisas que não entenderia se apenas ficasse sentado na frente do computador em estado de contemplação esperando os insights surgirem como se ditados por um espírito superior.

Hoje eu acho que estou mais disciplinado do que eu era há dez anos. Se eu tivesse aos 20 a disciplina que tenho hoje para escrever tenho certeza que teria escrito coisas mais interessantes e terminado algum livro de ficção antes dos 30 (eu não sabia como terminar as histórias, muitas delas, por isso as abandonava; vai ver eu achava que tinha “talento”, que não precisava estudar como se faz literatura). Na escrita acadêmica é mais fácil chegar em algum lugar, mesmo que esse lugar seja provisório.

E de novo o questionamento: por que eu sou assim? Por que o prazer do estudo, da leitura, a curiosidade, características que me fizeram ser relativamente bem sucedido no que faço, não contribuíram para que eu fosse mais disciplinado para escrever? Veja, o meu ponto não é a escrita primeira, o jorro, a necessidade de se expressar… Isso nunca me faltou (graças às musas!). Nem pra fazer linguística, nem pra escrever ficção. Nunca me faltou assunto (o que é um problema também, porque me disperso).

Vai ver alguém me disse que eu tinha “talento”, e por algum traço de malandragem do meu caráter (como o Manoel de Barros, também tenho cacoete pra vadio), eu achei que o talento fosse o suficiente. Bastava ele, e eu chegaria em algum lugar. Voltando à metáfora do futebol, provavelmente o Romário é um “natural”, assim como Clarice Lispector era (olha a idade que ela tinha quando escreveu Perto do coração selvagem!, que na minha modesta opinião é um livro muito bom). Eles não precisavam “treinar”, pra eles bastava entrar em campo. Clarice com certeza era alguém que podia dizer de boca cheia “toca pra mim, que eu resolvo”, e até os 45min. do segundo tempo ela resolveria o jogo. Claro, com isso não quero dizer que ela não trabalhasse seus textos com a necessária dedicação que o fazer literário exige. (Olhando, quantitativamente, a produção dela, a gente pode concluir com certeza que ela treinava pra burro). Pondo isso de outra forma: um nó cego pode reescrever um conto seu umas vinte vezes que jamais vai estar no nível de uma Clarice Lispector. Ou, um Leandro Damião nunca será um Romário, mesmo que treine 8 horas por dia, 7 dias por semana.

Talvez um Faraco, um Ilari, sejam capazes de escrever de primeira versão com a clareza e a fluidez que só eles têm (o que eu duvido muito). Mas a maioria de nós, eu inclusive, precisamos domar as nossas ideias, dominá-las como uma bola lançada pelo zagueiro, que a gente sabe que provavelmente será difícil matar no peito do pé, com a elegância que o Neymar e o Messi tem… que provavelmente mataremos na canela, que ela vai espanar e que teremos que sair correndo de-atrás antes que ela se perca.

Porque, no final das contas, a escrita acadêmica, profissional ou literária é uma luta solitária. Talvez “luta” não seja a melhor expressão (desculpa aí, Drummond). Talvez a escrita seja um jogo de um cara só, em que o adversário não é a televisão, o rádio, a internet, os filhos (ou qualquer outra distração), é a tua vontade de levantar dali, o teu próprio julgamento: está bom porque eu acho que está bom, ou está bom porque eu cansei de trabalhar nisso? Poderia ficar melhor? (Alguns escritores falam que desistem do texto quando percebem que nada do que fizerem poderá melhorar o texto). Hemingway dizia que todo escritor precisa ter uma espécie de detector de bobagem. Acho que eu não fui capaz de desenvolver um. Quem sabe um dia eu consiga. Afinal, também é preciso achar um meio termo, algum tipo de parâmetro entre o texto que te deixa feliz (legal, consegui escrever) e o que te decepciona (puta merda, como eu escrevi esse bostaço!?). Vai ver eu me satisfaça com pouco, e esse seja o problema também.

Alguns escritores e gurus da escrita criativa sugerem que a gente deixe o texto descansar uns dias. Outros falam da importância de um leitor particular, alguém que posse dar pitacos pra além de comentários vagos como gostei, ou tá muito bom. Já achei um leitor pros meus textos acadêmicos, me falta um, ou dois, pra minha literatura.

Armado de um detector de bobagem, mais a disciplina necessária para escrever, quem sabe um dia eu consiga escrever alguma coisa que preste. Felizmente, diferentemente do futebol, pra escrever não precisa de preparo físico. O Luís A. Fischer usa o conto do Kafka, Um artista da Fome, como uma metáfora pra isso que eu quero dizer: escrever como aquele cara jejuava.

“Talvez o texto ideal, no sentido dessa pequena filosofia, seja como o jejum do personagem do conto “Um artista da fome”, de Franz Kafka: escrever como aquele cara precisava jejuar, com aquela gana, se possível sem jamais parar (mas ao mesmo tempo sabendo que há um limite para o jejum, a morte). Jejuar, escrever, não para agradar, mas para atingir o ponto máximo de sua verdade pessoal, mesmo que ao custo da vida, isso é um ideal que vale a pena” (Fischer, ler e escrever. In: Filosofia mínima. Arquipélago, 2011).

Só que pra atingir aquele nível de excelência no jejum é preciso mais que o impulso, mais que vontade. Vai ver seja preciso um algo mais (a gana?) que poucos de nós temos. E todo dia eu me pergunto isso: se eu me dedicasse um tantinho mais, seria um linguista melhor? Poderia ser um escritor melhor? Não sei. Só sei que o que me move é a crença de que posso melhorar (mesmo que eu não venha a ser um Romário ou um Suarez).

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Por mais que eu tenha categorizado esse post como ‘crônica’ no fundo tá com cara de ensaio montagueano. Não me preocupei muito com estrutura, fui mais pro depoimento pessoal mesmo, usando um registro coloquial.

Cadê a nossa boa e velha crônica?

Lendo João do Rio, me pego pensando nessa coisa gostosa que é a crônica, esse texto que tá ali entre o conto e a poesia, entre a realidade e a ficção, entre a hipótese e a certeza. Tivemos Rubem Braga, Sérgio Porto (ou Stanislaw Ponte Preta), Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos, Nelson Rodrigues (esse lazarento que escrevia de tudo e fazia tudo muito bem), Luis Fernando Veríssimo (o últimos dos grandes cronistas?); sem contar um outro time que atacava de cronista também pra pagar as contas: Drummond, Clarice, Cecília Meireles…

Devo andar lendo as pessoas erradas…

Ou vai ver que o mundo em que a gente vive seja tão maluco ao ponto de a imaginação não ter mais graça, e a graça toda esteja em inventar distopias, fantasias medievais, super-heróis com poderes inusitados e por aí afora. Ou a gente ficou careta? Vai ver que a tragédia grega que Nelson Rodrigues enxergava na violência cotidiana não comove mais ninguém.

* * *

João do Rio (um desses iluminados que sabiam colher da vida a sua graça), numa crônica sobre as tabuletas dos estabelecimentos comerciais do Rio:

“…encarregado de fazer as letras de uma casa de móveis, já pintara ‘vendem-se móveis’ quando o negociante veio a ele:

– Você está maluco ou a mangar comigo!

– Por quê?

– Que plural é esse? Vendem-se, vendem-se… Quem vende sou eu e sem sócios, ouviu? Corte o m, ande!” (A alma encantadora das ruas, p. 101).

A sabedoria popular que os gramáticos tendem em não ouvir…

Sobre histórias e objetos

Aproveitando que as aulas só começam em março, tenho usado esse tempo sem muitas obrigações profissionais pra escrever. Estou quase terminando um conjunto de crônicas da minha adolescência, batizado por enquanto de “o que você vai ser quando você crescer”, que é um verso de Pais e Filhos da Legião (ou ‘do’ Legião? eu nunca sei) – cantávamos essa música a plenos pulmões quando voltávamos bêbados para casa lá pelos idos de 1996. Ainda não estou contente com a forma da coisa e preciso acrescentar alguns detalhes históricos, que vão demandar pesquisa e reler alguns trechos de “Diário de um Mago” do Paulo Coelho. Sim, eu lia um bocado e velho bruxo, ou vocês acham que a gente lia Joyce e Clarice Lispector aos 15 anos? A gente era supernormal, e talvez esteja aí a graça do livro, a sua universalidade, ou mesmo o seu principal defeito, porque as coisas que eu e meus amigos fizemos são comuns, ou não… pensando bem, acho que escrevi o meu “Alta Fidelidade”, mas sem a Catherine Zeta-Jones, ou as músicas do Elvis Costello. Eu era fã do AC/DC, nada mais comum que isso. Veremos o que meus dois primeiros leitores dirão.

Mudando de saco para mala, um amigo meu teve um insight que tem me incomodado, e que se a gente para pra pensar com cuidado… sei lá, não dá pra chegar a nenhuma conclusão… Ele estava na casa da sua avó e de repente percebeu que as coisas da sua tia, que havia falecido há pouco menos de um ano, estavam todas jogadas em um quarto da casa. Ele mesmo, um sujeito que gosta de colecionar artigos vintage (eletrônicos, principalmente) de repente percebeu que a nossa vida pode se resumir a isso. No final, tudo que a gente fez na vida foi juntar um monte de coisas que serão jogadas num quarto velho da casa de alguém, até que tenham um destino definitivo: sejam distribuídas entre parentes, vendidas a um brique-braque, dadas para quem quiser levar. Ele se lembra do que aconteceu com o avô do Caio, o Amadeu Bona, um pintor bastante conhecido em Porto União da Vitória e região. Quando ele faleceu, todos aqueles objetos pelos quais ele nutria paixão e apreço foram dispersados. E ele contou, tristemente, que quando visitou uma exposição em homenagem ao pintor, notou que o atelier que montaram na exposição não tinha nada a ver com o atelier original do pintor. Faltavam o seu toca-discos e seus vinis do Orlando Silva, o seu cavalete, o seu banquinho, entre outras coisas. Aquilo que estava montado ali era um engodo, um cenário fake. Talvez venha daí a nossa fascinação por museus, casas de artistas. É o prazer de conhecer o ambiente de trabalho, os objetos que também contam a história daquele ser humano que construiu coisas bonitas. Quando visitei Mariana (MG) fui na casa do poeta simbolista Alphonsus de Guimarães. Ele viveu lá de 1906 até a sua morte em 1921. A casa é pequena,  4 quartos, se não me engano. Não sei como todos os seus 15 filhos cabiam lá dentro. De qualquer forma, não há mobília nos quartos, e no térreo, no que devia ser a sala, há alguns poucos móveis e objetos expostos, tais como primeiras edições de seus livros e manuscritos. A originalidade do lugar perdeu-se. É apenas uma casa onde viveu um sujeito que escreveu belos poemas, os objetos que circundaram aquela existência, deram algum sentido para a vida dele e da família se perderam. Daí a gente pensa na quantidade de coisas que compra, nos objetos aos quais se apega por alguma razão, como o preto velho que eu trouxe de Ouro Preto, o filtro de sonho que comprei em uma feirinha em Floripa, o meu toca-disco, os livros que garimpei em sebos (um livro de poemas do Lindolf Bell autografado!; A obra completa do Fernando Pessoa em um volume; o X-Bar Syntax do Jackendoff que eu comprei numa liquidação da biblioteca da Universidade de Chicago), meu pôster do Pulp Fiction… são apenas coisas, alguém dirá. Por mais que a gente fica com esse sentimento de que em algum momento alguém irá jogar aquilo tudo fora (seus filhos, aqueles ingratos!), de certa forma os objetos que a gente guarda possuem um apelo sentimental, são coisas que tornam a nossa existência também singular, pois os objetos possuem memória, da viagem inesquecível, daquele romance fugaz que durou duas noites de sexo, das coisas que te inspiram a passar a vida de forma menos bovina e mais produtiva.