Eu fico realmente triste com isso, principalmente quando somos alvejados por fogo amigo. Mas fico revoltado quando a pessoa que escreve o texto comete histerias do tipo que a profa. Sônia cometeu. Não estou com a verdade, muito pelo contrário. Mas humildemente gostaria de mostrar, passo a passo, argumento por argumento, como seu texto está equivocado. Tais equívocos são fruto de desconhecimento, falta de bom senso, e falta de ética, pois revelam que ela não se deu ao trabalho de ir pesquisar sobre o assunto que está escrevendo, o que é grave vindo de uma professora universitária. O texto original está em itálico, meus comentários em formatação normal e entre colchetes.
[O equívoco começa no título, se ela tivesse lido o capítulo em questão do livro “Por uma vida Melhor”, saberia que não se trata de escrita, e que se estivesse também informada sobre o que se fez em linguística nos últimos 100 anos saberia que não existe regra errada quando 90% de uma comunidade de fala segue essa regra.]
Custa-me crer nos absurdos que acontecem no Brasil. Mas, a verdade dos fatos é indiscutível: o MEC adota livro como objetivo de ensinar a falar e a escrever errado.
Não tenho o menor interesse em discutir conceitos de dialetologia ou de sociolinguística com os autores, pois sei que o projeto não obedece a interesses científicos, mas políticos.
[Novamente o equívoco, não há nada de errado com a concordância, e o livro, pelo menos naquele trecho, não está ensinando a escrever. Não precisamos entrar no mérito sociolinguístico do problema, já que ela obviamente não o entende. Se tivesse outra intenção, que não fosse atacar o governo, talvez ela tivesse ido pesquisar e saberia que o ‘projeto’ é baseado nos parâmetros curriculares nacionais (PCN) elaborados nos anos 1998-2000 do governo Fernando Henrique Cardoso. Tais parâmetros, por sua vez, são baseados em estudos realizados, pelo menos, desde o final da década de 70 no país e foram baseados em CRITÉRIOS CIENTÍFICOS, frutos de anos de estudo. Agora você quer me dizer que a sociedade não quer um conhecimento que pagou para ter, é isso?]
Vi, em um telejornal, a Profa. Heloísa Ramos, corajosamente, adequando conceitos e princípios linguísticos para justificar o nefando projeto do MEC, e sua concordância com tão escandaloso equívoco. Não me interessa refutar os argumentos equivocados da Professora, pois ela é só instrumento da política educacional do governo petista e está sendo paga para fazer seu papel.
[Esse trecho é engraçado, porque a autora do texto assume não ter argumento científico para rebater o que a autora do livro defende, que argumento da autora do livro está equivocado? Novamente, a sua atitude é dizer que temos na autora do livro uma defensora de um programa político do governo, quando de fato é um programa de estado, ou seja, ele não mudará se entrar outro governo, e não mudará, se amanhã alguém provar que a gramática universal está errada, não é moda acadêmica, ou existem modas que duram 40 anos e são consensuais na academia?]
Deixo que o Prof. Evanildo Bechara dê a lição que a Professora e demais autores não aprenderam na Universidade.
[Um gramático não é mais referência de como se ensinar a língua pelo menos há 90 anos, desde que Saussure afirmou que as explicações para os fatos linguísticos devem estar no próprio sistema. Para o Bechara a pesquisa deve ficar na universidade e a sociedade deve continuar a ser enganada, devemos continuar afirmando que a variação não existe, só existe uma forma certa de falar e escrever o português, já que para eles falar e escrever é a mesma coisa. Veja que o gramático é a autoridade para a profa. Sônia, não o linguista, aquele sujeito que era seu colega de departamento nos cursos de letras em que ela lecionou; pelo jeito ela nunca soube o que seu vizinho de porta na universidade pesquisava].
O que me interessa é chamar a atenção para o bem organizado projeto de condenação dos alunos que passam e passarão pelo sistema público de educação. Falando e escrevendo errado o vernáculo, os estudantes de hoje e do futuro não terão oportunidade no mercado de trabalho e nem de crescimento intelectual. Falando e escrevendo “nós pega o peixe”, eles jamais serão engenheiros, médicos, vendedores, advogados, porteiros, enfermeiros, professores, jornalistas, bancários e mais muitas outras profissões e empregos lhes serão impossíveis.
[Preciso repetir? O livro não está falando de escrita quando afirma que ‘os livro’ é aceitável, o quão difícil é entender isso? Sem falar no equívoco de se associar ‘crescimento intelectual’ com o uso da norma culta. Só pra constar, conheço gente que fala ‘menas’ e ‘teje’ com nível universitário]
Não tenho notícia de que haja ou tenha havido algum governo de algum país que planejasse e implementasse projeto tão cruel, como se isso pudesse ser apelidado de projeto educacional. O Brasil consegue ser surpreendente e nefasto com um discurso pretensamente politicamente correto.
[Se outros países têm implantado metodologias semelhantes eu não sei, mas sei que não se ensina inglês britânico nos Estados Unidos, que na França não se fala como se escreve e ninguém fica horrorizado com isso. O discurso não é pretensioso, acho que esse adjetivo serve para qualificar aqueles que acham que sabem do que estão falando e não estão.]
Com pompa e circunstância, o MEC do governo petista quer assegurar que os futuros cidadãos fiquem privados de empregos, de crescimento intelectual, de relações culturais; no futuro, o MEC deseja que os brasileiros estejam no estado de barbárie linguística e sejam incapazes de entender um edital de concurso, por exemplo; salvo se o edital informar que “os candidato deve apresentarem os seguinte documento”.
[Novamente a autora revela desconhecimento do que está falando, o livro busca justamente ensinar o padrão culto e livro nenhum diz o contrário]
Nem Hitler, com sua mente diabólica e homicida, realizou um projeto desse tipo para dominar a juventude nazista, ganhando simpatias e aplausos dos pouco letrados daquela época.
[Isso é argumento? Hoje em dia é lugar comum querer comparar qualquer atitude intolerante com o nazismo e com Hitler… opa, peraí, quem é o intolerante nesse caso? Quem não está aceitando a diferença, a mudança de paradigma?]
Com pompa e circunstância, em uma palhaçada do politicamente correto, o governo petista organiza um exército de futuros adultos privados de proficiência no vernáculo, cuidadosamente preparado no sistema público de ensino, que servirá aos interesses do estado brasileiro que está sendo forjado desde 2003, em conformidade com as lições Gramsci.
[Ah sim, porque dizer que todos os milhões de alunos que chegam na escola falando ‘os livro’ precisam ser chamados de burros, ignorantes, eles precisam passar a vida escolar toda ouvindo que tem algo de errado com a língua deles, só assim vão aprender a escrever e falar o português culto; parece que isso tem funcionado bastante bem, basta ver os resultados da evasão escolar, dos testes de leitura. E os PCN, heim? Deve ter sido invenção de algum petista infiltrado no MEC nos idos de 1999, os acadêmicos que trabalharam na formulação dos PCN? Todos petistas, aposto! Me explica (sim, sou doutor na minha língua e uso ela do jeito que melhor me aprouver!) como é que alguém pode privar algum indíviduo de proficiência no vernáculo, se o aluno nem precisa ir para a escola para aprender ele (ou aprendê-lo, se preferir)]
Revolução?! Não! O PT não faz revolução; molda a sociedade que deseja manipular contaminando o sistema público de ensino com sua proposição populista de “respeito” à linguagem popular e familiar e coloquial das camadas menos escolarizadas atualmente. O governo petista, calmamente, pretende criar milhões de brasileiros que, quando chegarem à vida adulta, serão incapazes de ler e entender um jornal, uma revista e, principalmente, um livro de História, escritos em vernáculo. Esses futuros adultos não terão competência para apreciar Machado de Assis, Graciliano Ramos, Drummond, Vinicius, Érico Veríssimo e outros. E os ilustres autores do livro perverso, como bons peões do governo petista, poderão perguntar: “E quem precisa apreciar a Literatura elitista, golpista, burguesa?” – “Por que os adultos do futuro precisarão ler um livro de História, se eles não terão direito a discutir os fatos históricos, pois viverão apenas com as informações divulgadas na forma de “os cidadão deve comparecerem ao comício da liderança nacional, para que todos escute as verdade a serem revelada.”
[Acho que isso já aconteceu e quem fez isso não foram os petistas, foram os militares, o Sarney, o Itamar, o FHC… é só ver os testes educacionais, o nível de leitura do pessoal que passou pela escola nos anos 70, 80 e 90. Aqueles que tem família estruturada, acesso a livros, esses se dão bem independentemente do método de ensino ou do professor, só que esses são a minoria, a escola nunca conseguiu manter o diferente, ela sempre o repeliu, não sou eu quem está dizendo isso, é a história, mas o que eu conheço de história da educação… alguém que passou grande parte da vida formando professores deveria saber].
Bem sei que as boas escolas privadas jamais cairão nessa farsa de ser válido ensinar a falar, a ler e a escrever errado, como princípio pedagógico. Quem puder colocar seus filhos em boas escolas particulares, terá salvo parte dos futuros adultos da barbárie linguística. Então a Literatura elitista, golpista e burguesa de Machado, Graciliano, Drummond, Érico, Cecília Meireles e outros ainda terá alguns leitores. Jornais e revistas elitistas, golpistas, burgueses, que usarem a correção da Língua Portuguesa ainda poderão ser lidos e as notícias serão compreendidas por alguns futuros adultos.
[Ainda bem que tem gente que tem dinheiro nesse país, senão estariam ralados, né? Eu queria saber o que é ‘barbárie linguística’, fiquei curioso, sou doutor em linguística e desconheço esse conceito]
Não resisto e mando um recado para a ilustre Profa. Heloísa Ramos e demais autores: vocês ouviu os galos cantar e não sabe onde está os galo. Vocês nada sabe de níveis de linguagem. Vocês não entende nada da função da escola. Mas, vocês compreende perfeitamente esse meu recado escrito no dialeto do MEC petista, usado no livreco de ocês. Se vocês quiser me responder, por favor, escreva na Língua Portuguesa que seus professor dos tempo antigo e ultrapassado tentaram ensinar a vocês.
[“Vocês nada sabe de níveis de linguagem. Vocês não entende nada da função da escola.” Pois bem, dona Sônia, com essa afirmação a senhora insulta todos aqueles que todos os dias ensinam aos seus alunos nos cursos de letras a fazer justamente o que a profa. Heloísa Ramos pôs em prática. A senhora insulta o Prof. Ataliba Teixeira de Castilho, curador do Museu da Língua Portuguesa, coordenador do maior projeto de estudo da gramática da fala no planeta, o projeto NURC (Norma Urbana Culta) que mostra justamente que mesmo os falantes ditos cultos (com nível universitário e residentes em centros urbanos) não seguem as normas que as gramáticas prescrevem. Eu custo a entender como uma professora universitária pode ser tão dogmática a ponto de não aceitar uma mudança de paradigma na educação. E nem é uma revolução, já que se está apenas mostrando que há duas formas de se fazer a concordância nominal e verbal, uma tem mais prestígio que a outra, por isso uma é o padrão e a outra é a “errada”, mais daí provavelmente devemos ter uns 190 milhões de brasileiros falando errado nesse momento. A senhora insulta todos os acadêmicos que passaram anos de sua vida escrevendo artigos e livros defendendo justamente o que tem sido posto em prática, e nem é só pelo livro da profa. Heloísa, se a senhora estivesse melhor informada, saberia. A senhora insulta a inteligência dos acadêmicos e o próprio investimento que a sociedade fez nos últimos trinta anos em pesquisas sobre o ensino de língua portuguesa. A depender da senhora, podemos queimar todos os livros, teses, artigos, dissertações que foram escritas defendendo e mostrando que não há nada de errado com ‘os livro’ e construções similares, muito pelo contrário, já que estão todos errados, e a senhora e o Bechara estão certos?]
Segundo François Lyotard, linguagem é poder. A equipe de autores desse maldito livro sabe disso; por isso, aceitou servir de instrumento para o governo petista. Com seu tristemente brilhante trabalho, os ilustres autores tornaram o tarefa do professor de português uma atividade inútil: ninguém precisa ir à escola para aprender a falar e a escrever “a gente fomos, mas o pessoal saíram”.
[Exatamente, a língua é poder. Todos sabem que a invenção de regras por parte dos gramáticos é só mais um instrumento de poder. Ou vai me convencer de que existe alguma argumento razoável para termos tantas formas de escrever os ‘porquês’? Fala e escrita são coisas diferentes, fato. Não é teoria, não é politicamente correto, não é moda. Escrevemos e falamos diferentemente, fato. Há duas formas de se realizar a concordância nominal, fato.]
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O texto da Profa. Sônia está publicado aqui. O blogue não informa se ele foi publicado em papel ou originalmente em outro site.